sábado, 26 de janeiro de 2008

Projeto "Vôo de Onda" nos Andes com uma Asa-delta

Formação de nuvens no rotor de Sierra Nevada próximo à Bishop (EUA). As nuvens estacionárias de rotor podem alcançar 10.000m e as ascendentes podem fazer até Boeing com turbinas desligadas subir! (Foto: Robert Symons)



O vôo de onda consiste em encontrar uma onda estacionária (ver tradução em português) (geralmente provocada por grandes cordilheiras e vento forte), entrar na onda invisível e voar dezenas, centenas ou milhares de quilômetros "surfando" estas ondas.

Parece brincadeira, mas os planadores descobriram esta técnica em 1933 e vêm melhorando até hoje. Eles conseguiram o recorde mundial de altitude (15.460 m) e o de distância (3.009 Km) em vôos de onda na cordilheira dos Andes (lado leste, na Argentina).


Rota rumo norte/nordeste com vento Sudoeste ou Oeste, voando à leste da cordilheira (nas ondas formadas no rotor da cordilheira)

O recorde mundial de distância de GOAL declarado (2.123 Km) foi obtido após decolar de El Calafate (extremo sul da foto) e pousar em San Juan (extremo Norte da foto).

Os demais recordes também foram obtidos ao longo desta rota. Alguns do tipo "Ida e Volta" ou triangulações com 3 pontos de virada, inclusive o recorde mundial de 3.009Km (3 pontos de virada) ocorrido em Chapelco (centro da foto).

Vários problemas precisam ser resolvidos para se tentar vôos de onda com asas-delta:
  1. Utilizar Oxigênio acima de 3.500m
  2. Dificuldade de administrar o uso do oxigênio. Posição de vôo desconfortável, máscaras trambolhudas, cilindros complicados, intervalos corretos etc.
  3. Resistir ao frio extremo (-5C e até -10C podem ser comuns)
  4. Velocidade da asa para conseguir se manter na "onda" (lenta, se comparada aos planadores)
  5. Roubadas enormes no caminho e região com pouca infra para resgate e emergências
  6. Turbulências e descendentes fortíssimas fora de onda ou muito próximo da cordilheira
  7. Logística da decolagem rebocada nos aeroclubes argentinos
  8. Custo da viagem e dos equipamentos necessários
  9. Conseguir 5 semanas de férias
  10. Por fim, o mais importante: ter culhão pra tentar!





Thomas Milko voando onda nos Andes


O problema da altitude é sério. Alguns pilotos e para-quedistas fazem treinamento e avaliação em "câmaras hipobáricas" para saber a reação e os efeitos da falta de oxigênio em seus corpos.

O piloto Angelo D'Arrigo foi um dos poucos pilotos de asa-delta que voou onda nos Andes, onde conquistou o recorde de altitude sobre o Aconcágua (9.100m).

O alemão Klaus Ohlmann, recordista mundial de distância de planador, adora voar onda nos Andes e explica por que.

Sendo assim, quando for o momento, e houver oportunidade e condições, nos prepararemos para este projeto futuro de voar onda nos Andes!

3 comentários:

Anônimo disse...

Asas ainda não conseguem fazer as transições entre uma onda e outra. Mesmo que você fosse deixado na primeira não iria muito longe!

Pieper disse...

O nome do fenômeno é "onda estacionária" e não "de Rotor", até porque o Rotor é uma consequencia da existencia da onda e nao a sua causa.

O artigo da wikipédia foi traduzido por mim para o portugues, assim como todos seus artigos correlatos (nuvens lenticulares, fenda Foehn, aquecimento e resfriamento adiabáticos, etc) há alguns anos. Se desejar pode atualizar o link já apontando para o artigo traduzido.
Abraco e muito bom seu Blog.

Erick Vils disse...

Prezado Pieper,

muito obrigado pela contribuição e já coloquei o link e mudei alguns termos.

Todavia, como o artigo é lido mais pelos amigos da asa-delta, é comum eles entenderem como "rotor" o lado a sotavento de um relevo, mesmo que não esteja com turbulência.

Este é o motivo de algumas colocações citarem ondas de rotor.

E parabéns pela bela tradução na Wikipedia!

Aos interessados, segue o trabalho do Pieper: http://pt.wikipedia.org/wiki/Onda_estacion%C3%A1ria_(meteorologia)