segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Levantando o astral


Voadores,

Como está meio fraco de vôo, vamos aos assuntos da vez.

Nesta quinta teremos o evento na FGV Barra com o vídeo do SOSertão que já está pronto e será divulgado no dia + fotos + nosso ilustre palestrante Betinho.

Em dezembro, nossa tradicional confraternização de fim de ano irá bombar!


Vejam as fotos da festa do ano passado no Itanhangá para já irem aquecendo as turbinas.

http://www.vils.com.br/pictures/20061205/

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Lançamento do vídeo do SOSertão dia 29/11


Amigos,

Nossa viagem para o SOSertão nos acrescentou muitas experiências, boas recordações, fotos e vídeos.

Nós gostaríamos muito de compartilhar com todos vocês (todos estão convidados) estas imagens, vídeos e experiências.

O Glauco Cavalcanti conseguiu o local (Fundação Getúlio Vargas da Barra da Tijuca) e será dia 29/nov a partir das 19h (próximo ao parque Rosas da Barra).

Faremos no modelo da última palestra sobre "Como ir ao Cristo voando", e haverá custo de R$10,00 apenas para custear o coffee-break (sanduba e suco).

O vídeo será confeccionado até lá e será surpresa!

Novidade: O octacampeão brasileiro de asa-delta, Betinho Schmidt, fará uma palestra em seguida e antes da nossa apresentação o americano Mike Barber (campeão mundial de distância livre com 707Km) fará uma palestra também.

Recorde mundial de parapente ontem (461Km)

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3 brasileiros, voando parapentes brasileiros e em pelo sertão brasileiro estabeleceram ontem (14/nov/2007) o novo recorde mundial de distância, com um voo de 461Km em linha reta.

Frank Brown, Cecéu e Saladini, decolaram de Quixadá no Ceará às 7:20h da manhã e após 10h de vôo pousaram no Maranhão juntos.

Clique e veja "tracklog" do vôo gerado pelo GPS

Ambos integram a equipe da fabricante brasileira de parapente (Sol Paragliders) localizada em Jaraguá do Sul (SC).

Parabéns para esse time e agora o recorde de distancia livre de parapente passa a ser maior do que o da asa-delta (no Brasil).

O recorde mundial de asa-delta ainda permanece em 700,6 Km, obtido pelo Austríaco Manfred Ruhmer no Texas EUA.

A esperança é que ainda este ano ou ano que vem um time de feras da asa-delta conquiste no Nordeste brasileiro um recorde superior a 600Km e, quem sabe, mais de 700Km.

Já confirmamos nossa vaga para a temporada do ano que vem, nem que seja para ver de perto este recorde ser batido pelos "profissionais".

Quixadá (CE) e Patú no Rio Grande do Norte são realmente lugares fantásticos para os vôos de distancia, principalmente pelos ventos fortes, térmicas fortes e a possibilidade de se voar mais de 10h.

Nossos 2 ultimos voos na regiao foram de 200Km de distancia com media de velocidade superior a 57Km/h, o que dá para imaginar a possibilidade de mais de 570km de voo se decolar cedo mantendo-se em voo por mais de 10h.

Mais detalhes e relatos sobre o recorde

Novo Recorde Brasileiro de Asa-Delta (452Km)


O atual campeão brasileiro de asa-delta, o gaúcho André Wolf, quebrou o recorde brasileiro de distância livre de asa-delta decolando de Quixada (Ceara) alguns dias atras, em seu primeiro dia de voo no local.

O recorde anterior era do brasiliense "Fernando DF" com 437Km, tambem decolando de Quixadá CE.

André ainda está pelo nordeste e tentará quebrar novamente o recorde nesta temporada.

Nesta época do ano toda a região fica com ventos alíseos predominantemente de Leste (ventando do leste para o oeste), o que favorece o voo no sentido oeste do Brasil. Geralmente o pouso ocorre no Maranhao, após cruzar todo o Ceará e o Piauí pelo sertão em voos de mais de 7h de duração, podendo passar de 10h de voo.

domingo, 11 de novembro de 2007

SOSertao - "Kit roubada"


Nestes voos de cross country voamos com toda esta tranqueira dentro do casulo e precisei usar quase todos os itens nesta viagem pro S.O.S.ertão

Segue a listinha com as dicas:

Remédios e químicas
- Dorflex * (1 após pousar)
- AAS * (1 uma hora antes de decolar)
- Antibiótico Amoxicilina * (se precisar para alguma infecção decorrente de cortes ou fraturas)
- Colírio Trisorb (sempre que você perceber que seu olho parece um parquinho de areia)
- Arcoxia * (1 após qualquer luxação ou dor de inflamações em articulações por exemplo)
- Clorin (1 pastilha de cloro para purificar cada 1 Litro de agua quando lhe oferecerem agua de procedencia duvidosa ou cor de barro)
- Protetor solar fator 30 (de manhã no hotel + antes de decolar + após pousar)
(*) Atenção, consulte seu médico antes de administrar qualquer um dos remédios acima. Nós fizemos isso!

Comidas e hidratação:
- Camel Back com no mínimo 1,5L
- Carboidrato à base de Maltodextrina em pó misturado na água (alguns levam bisnaga de carboidrato em gel) e mais um pouco dele em pó para roubadas monstruosas
- Gatorade em pó misturado na agua
- Banana desidratada ou barrinha cereal

Utensílios de segurança e comunicação:
- Lanterna
- Pilha reserva
- GPS
- Celular de cartao (GSM) desbloqueado de preferencia com 2 chips das operadoras TIM e Claro
- Radio VHF HT com antena original pequena
- Antena de aço embutida no casulo
- Rede de dormir portátil + cordinhas pra amarrar na arvore
- Para-quedas de arrasto
- Para-quedas de emergencia
- Canivete suiço
- Alicate
- Isqueiro
- Mini bússola magnética que não dependa de energia
- 2 Fitas leves de amarrar asa em rack
- Camera fotografica com suporte
- Variômetro + anemometro (usamos o Compeo que também tem GPS embutido)
- Apito de futebol
- Capacete
- Joelheira
- Tornozeleira (meu pé direito ainda não está perfeito)
- Luva
- Blusa de vôo com balaclava (manguinha)
- Sistema de fonia embutido no capacete
- Chinelo
- 1 caneta e um pedaço de papel
- mapa da regiao de preferencia que tenha a escala de latitude e longitude com graus e minutos
- Mordomias (proteções para a asa após desmontá-la) e capa de cross-country para a asa
- 1 nariz de palhaço para tirar a foto clássica se merrecar (tive que usar 1 dia, infelizmente)

SOSertao - O sequestro das malas

Saimos do Rio de Janeiro de aviao, chegamos em Recife e fomos
diretamente para o briefing no aeroclube da cidade.

Recebemos a noticia de que nossas malas seriam sequestradas, teriamos
acesso às mesmas apos 4 dias e, novamente, seriam sequestradas por
mais 4 dias, tendo acesso definitivo apos o termino do Rally, por
motivos de logistica.

Ganhamos uma pequena mochila com 4 camisetas dentro, Gatorade em pó,
bananas desidratadas e mapas. Esta mochila seria o limite de nossa
bagagem para os proximos 4 dias. Cada um arrumou a mochila com o que
precisava e entregamos as malas no caminhao que seguia sempre à frente
da caravana levando as malas e a estrtura da "arena aventura" que era
montada nas praças das cidades que passavamos.

Por um problema logistico nao conseguimos acesso às nossas malas apos
4 dias de voo. As unicas 4 camisetas ja estavam em estado lastimavel e
recebemos mais 4 camisetas limpas.

Mas as cuecas e meias foram as mesmas (1 bermuda, 3 cuecas e 3 meias)
durante todo o Rally.

No final tudo terminou bem (sujo).

SOSertao - Voando rebocado


A travessia de Luzilandia (PI) para Barreirinhas (MA) dependia da decolagem rebocada no aeroporto de Luzilandia.

Pista de terra, grande (uns 1.200m) e muuuuito calor.

Varios dusts devils passando na pista e a condicao absurda sobre nossas cabecas.

Um dust dos grandes chegou a levantar asas e amassar um ponta de quilha quando uma das asas retornou ao chao.

As decolagens estavam devagar porque o comeco somente um trike estava bom, mas depois acelerou.

Eu e Cedrick nunca haviamos voado rebocado, mas a observacao e as fantasticas dicas foram fundamentais.

A Flavinha estava na equipe e deu conselhos e informacoes fundamentais. Ela mora e trabalha no Quest Air (Florida, EUA) com reboque ha anos e nos deu uma aula (valeu Flavinha). O Paulinho Cambuquira e outros tambem foram nota 10.

Alguns pontos e tecnicas observadas:

- Rebocagem de trike é mais rapida do que de dragon fly (ultraleve mais lento e mais potente) sendo o trike mais complicado.
- Os sistemas de quick-release usados foram 2, sendo um com uma pecinha que a Flavinha trouxe (mais moderno) e outro mais antigo, mas que funciona bem (foi o que nós usamos).
- Os "weak links" (fusíveis) sao descartaveis no sistema que usamos e no sistema da Flavinha nao. No sistema dela, o "cabo fusivel" só precisa suportar metade da tensao (dobrado a 2 fios) e no nosso sistema eramos puxados pelo fusivel, necessitando do mesmo a 4 fios.
- Ja decolamos do carrinho com meia marcha caçada e acompanhamos o trike em voo com velocidade alta e barra no peito bem "picadão"
- Antecipar e corrigir rapido é um dos segredos
- A asa entra em voo antes do trike e voce tem que se manter entre 1m e 4m sobre a pista até o trike decolar (irado)
- Sentiu que está desconfortável ou a coisa ficou feia, acione o "quick release" e inicie seu voo mesmo a baixa altura ou pouse se estiver muito baixo

sábado, 10 de novembro de 2007

SOSertao - As Roubadas


As piores "roubadas" do S.O.S.ertão foram:

Travessia Quixada - Ipu
Dos 203 Km de voo, foram cerca de 150Km voando em roubadas classicas sobre estradas de terra estreitas em lugares que pareciam terra de marlboro que nem Marlboro queria. Tudo deu certo, pois voamos em pelotao e chegamos no GOAL cedo e muito rapido. Neste dia fui o ultimo a decolar e consegui alcancar a galera e fechar a prova em 3:20h


Travessia de Luzilandia (PI) para Barreirinhas (MA)
Fomos de carro, pois nao havia mais tempo pra novas tentativas de decolar rebocado. Saimos 17h e chegamos 2:40h da manha em Barreirinhas apos cruzar a terra de marlboro em estradas de areia e cascalho. Outros fizeram caminhos diferentes e parece que o noso ainda foi dos melhores. Muitos chegaram às 7h da manha apenas. Carros, racks e omocinéticas quebradas, onibus e o caminhao atolados, L200 com radiador estourado e por ai vai. Glauco DF dormiu na cidade que pousou e só chegou no dia seguinte.


Travessia de Ipu (CE) para Luzilandia (PI)
Eram 21h e eu ouvia 4 carros de resgate num raio de 30km procurando vários pilotos perdidos no Kilometro 70 do vôo. Eu era um deles!

Depois de cruzar um região que me tornaria uma lenda da caatinga, proximo da divisa do Ceara com o Piaui, pousei a 750m de uma casa em uma clareira dentro da mata. Andei até a casa e ninguem queria me ajudar a trazer a asa. Achavam que eu era um ET.

Consegui passar minha posicao via radio atraves de uma "ponte" com os estavam em voo. Caminhei ate outra casa e finalmente estes viram que eu nao era ET e me ajudaram. No local nao havia energia eletrica, mas o dono da terra tinha uma bateria de carro e um celular com antena no teto da casa e consegui ligar pro Chico e informar que eu os esperaria no primeiro vilarejo com energia que havia a 8km dali. O local do pouso chamava-se "Pau Ferrado" e consegui uma carona de moto nestes 8km de areia ate o vilarejo de "Veados".
Chegando la, jantei, tomei banho na casa da tiazinha e fiquei esperando o resgate. Eles chegaram com o carro do Thalis (e um guia dentro), mas o 4x4 do carro estava quebrado e era impossivel ir buscar a asa no "pau ferrado" desta forma. O Joao da ESPN estava no carro e registrou a "roubada" que ainda iria piorar. Alugamos uma bandeirantes "Pau de Arara", pegamos os equipos, mordomias, cameras e lanternas e entramos 8km a dentro do labirinto de areia e carnaubas com nosso guias. Chegamos na asa, colocamos mordomias no pau de arara enquanto a ESPN entrevistava a Sra que nao quis me ajudar porque eu "falava muito estranho" (ou seja, E.T.)
Voltamos para "Veados" na bandeirantes, passamos a asa pro carro do resgate e nosso guia nos deixou na estrada de terra mais proxima. Às 0:30h chegamos a um asfalto e conseguimos sinal de celular nas proximidades da cidade. Revezamos no volante e às 4h da manha estavamos em Luzilandia no hotel (dia seguinte as 7:50h de pe novamente para ir pro aeroporto decolar rebocado pela primeira vez na hora da bombaceira casca).

Só pra ter ideia dos lugares que passamos, apos a decolagem de Ipu (CE) com destino Luzilandia (PI), existe uma area de disputa que nao pertence nem ao Ceara nem ao Piaui e boatos sao de que a disputa nao é pra quem fica com a terra, mas sim, pra quem não fica. Ninguem quer aquela terra de marlboro pra ter que apagar incendios ou socorrer pilotos de asa que pousarem na roubada.

Procurando no Google Earth, realmente descobri que pousei perto desta área em disputa e lá no Earth alguém já postou um comentário (vide foto).

SOSertao - A mega estrutura de resgate


A logística do resgate e a coordenação do Chico e Dioclécio (Dió) e toda a equipe é de impressionar.

De manha cedo os carros levavam os equipamentos e asas pra rampa enquanto tomávamos café.

Logo cedinho um carro disparava na frente "tocando rápido" para mapear o melhor caminho pro onibus e pro caminhão tirando-os das roubadas.

Outro carro saía logo em seguida rumo ao Goal para arrumar tudo e depois de deixar o responsável pelo Goal no local, o motorista subia para a rampa proxima ao Goal para se posicionar bem com o radio base. O Dió passava as dicas de qual cantinho da rampa o radio pegaria melhor e a antena deveria ficar com um raio de 6m sem árvores altas por perto para a transmissao nao ser comprometida.

Os carros voltavam vazios e pegavam os pilotos e malas.

Duas frequencias eram utilizadas. Durante o voo, todos os 28 pilotos usavam a mesma frequencia (freq de voo) e cada piloto recebeu no primeiro dia um numero de identicacao. Os pilotos deveria reportar durante o voo seu numero, distancia para o Goal e altitude. Com isso um mapa de posicionamento era desenhado e atualizado.

- Piloto: "Piloto 06 a 2.300m de altitude e 108Km do Goal"

- Resgate: "Ok, resgate copiando piloto 06 a 2.300m a 108km do Goal"

Em alguns momentos que voávamos juntos, eu passava logo a posição de 3 ao mesmo tempo. "Pilotos 01, 06 e 28 voando juntos a 2.100m e 70km do Goal"

Meu radio com a antena de aço instalado no casulo chegou a falar com o Chico Santos a 163Km de distancia. Eu estava alto a 40Km do Goal de Ipu (CE) e Chico me copiava na rampa de Quixadá (CE).

Havia carros de resgate espalhados pelo caminho em pontos estratégicos para o radio, para o acesso a rodovias e já contando com as prováveis rotas e derivadas. Isso tudo coordenado pelo Dió que conhece os locais e estudou as opções no mapa.

Se o piloto ficasse baixo, passava pela radio também a coordenada "macro" do local, por exemplo:

Piloto: "Piloto 06 a 600m com 67km pro Goal na coordenada S 07 25' W 04 41', copia?"

A outra frequência (freq de resgate) o piloto deveria usar apos pousar. Nesta, ele tentaria contato com os carros também e passaria detalhes como "estou uns 3km ao leste da cidade de Piripiri e a coordenada completa é S07 23.511' W041 42.352', ok?"

A maioria dos carros possuía 2 radios, operando nas 2 frequências, o que fazia da operação um sucesso.

Ao final das decolagens os carros começavam a recolher os que ficavam pelo caminho e o ultimo carro saía da rampa de partida somente no final de tarde, pois ajudava os demais carros as "pontes" necessárias para resolver as áreas de sombra do radio.