Dica do Mike Barber para enroscar sem se cansar:
- Puxe a marcha (VG da sua asa) até ela ficar no limite da instabilidade de cair em faca (na minha ficou em 2/3 de VG)
- Rotacione seu casulo, colocando o rosto perto da barra lateral e os pés para o lado oposto deixando você na diagonal em relação à direção de vôo
- Pique a asa para ela voar mais rápida (naturalmente ocorre isso por causa da marcha caçada)
- Devido à rotação do seu corpo, uma mão ficará no centro do Speedbar e a outra rente à barra lateral próxima ao seu rosto.
- Enrosque para o lado onde seu rosto está apontando e perceba que o comando e correções ficam leves e principalmente passa a ser feito pela mão que está no centro do Speedbar.
Exemplo:
- Para enroscar para a esquerda (anti-horário), puxe a marcha uns 2/3 ou 3/4
- Coloque seu rosto pra esquerda e seus pés pra direita
- Sua mão esquerda colada no Speed próxima da barra lateral esquerda
- Sua mão direita no centro do Speedbar ou um pouquinho pra direita do centro
- Capote seu cinto para ficar com a cabeça bem baixa e apontada para o centro da curva (esquerda) enquanto seus pés ficarão mais altos que sua cabeça e lá no lado oposto (direita)
- Experimente bastante e bom vôo!
Observação: fiz o teste na minha asa (WW T2) e funciona muito bem.
Usei quase a marcha toda em um dia liso com térmicas de 2 m/s.
A velocidade de vôo na enroscada neste método subiu de 42km/h para uns 60km/h.
Ficou bem liso e subia bem rápido também e sem cansar.
Vantagem também nas transições de térmicas, pois a marcha já está caçada e não precisa se cansar puxando-a.
Depois vou colocar fotos e vídeos aqui para explicar melhor e ilustrar as posições.
Texto complementar escrito pelo Fabiano Nahoum que chegou a treinar em vôo isso junto com o Mike Barber em uma das clínicas de vôo que o Mike proferiu no Brasil:
Erick, você está correto quando definiu a idéia do Mike como o "limite da instabilidade". O que ele quer é colocar a asa numa situação em que ela se mantém com tendência neutra quando inclinada numa térmica. Ou seja, ela não tenderia nem a voltar para o vôo reto nivelado, nem a aumentar a inclinação até o limite de capotar lateralmente. Ele chamou isso de "spiral instability" ou "instabilidade em espiral". Com isso o piloto não precisa fazer força enquanto enrosca.
Só para complementar, ele usa essa regulagem de VG em térmicas aliada àquela posição na barra que ele chama de "high-siding". É meio complicado de descrever em palavras, o Mike durante a palestra tentou demonstrar ali em pé, mas o ideal é mostrar com uma barra de controle, de preferência pendurado num cinto. Basicamente nós aprendemos na escolinha a controlar a direção da asa com os pés e não com a cabeça. O Mike ensina a ENTRAR na curva com os pés, mas logo que você determinar o ângulo de inclinação desejado você INVERTE a posição jogando os pés para FORA e a cabeça para dentro praticamente enconstando a cabeça no canto da barra (tipo colada no Vario). O peso da cabeça e do peitoral mantêm a asa querendo inclinar para dentro e os pés agora estão fazendo o esforço CONTRÁRIO, tentando tirar a asa da inclinação de curva. Por isso se chama "HIGH-SIDING" porquê os pés e o seu CG estão acima da sua cabeça, do "LADO-ALTO" do triângulo das barras de controle. Com isso você consegue manter a asa centralizada na térmica com um mínimo de esforço pois essa posição permite que você relaxe completamente os braços, com a posição que ele demonstrou na palestra. A única coisa que mexe são os pés e se a asa estiver na regulagem correta de VG esse esforço é mínimo.
Quando ele voou comigo em Andradas, ele "estacionou" a asa do meu lado na térmica e pelo radio foi me ensinando a posição exata. Abaixa mais a cabeça, sobe mais o pé, empurra mais a barra, caça um pouquinho mais o VG, inclina mais a asa pra dentro, etc. Quando a coisa toda encaixava a razão de subida aumentava, a asa não saía do miolo da térmica eu descansava mais, enfim, fazia muita diferença.
Essa técnica permite termalizar com muito mais eficiência. Eu já consegui me manter mais ganhado do que voadores mais experientes usando essa técnica. Só que eu sou meio preguiçoso e um pouco distraído e, às vezes, fico contemplando o vôo em vez de voar da forma mais eficiente. Numa competição ou vôo de distância o nível de intensidade é muito maior, tem que voar desse jeito o tempo todo!
Se alguém quiser me perguntar sobre isso ali no Pepino terei prazer em explicar, com a ressalva de que posso ser voador de meia-tigela mas tive o privilégio de aprender o ideal, do ponto de vista do recordista mundial de distância, que é com certeza o melhor instrutor de nível avançado de asa-delta do mundo.
Naquele video do Cristo Erick, eu quase não usei essa técnica pois ela faria minha cabeça bater na câmera, teve uma horinha apenas que eu usei e fiquei com o capacete bem perto da câmera, mas ali eu não estava preocupado em voar eficientemente, eu tava mais preocupado era em saber se a câmera estava ou não filmando direito, e como você mesmo notou, eu voei fora de posição geral.
Quanto aos testes que você fez, só achei que essa sua velocidade de 62Km/h está muito alta para enroscar, assim você desperdiça muito da ascendente, com a ressalva que, se estiver muito turbulento, é melhor enroscar mais rápido mesmo.
Abração,
Fabiano Nahoum
Um comentário:
Muito legal e, se lembrar no voo, é muito proveitoso. É prazeiroso ver que certas coisas que nós fazemos empiricamente em voo tem sustentação na esperiencia de outros Pilotos.
Eu faço isso colocando a asa no limite do stoll,quando já estou inclinado, só controlando o movimento lateral, no pit é sempre stoll.
valeu galera!
Pecce
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